Trabalhadores dos Correios deflagram greve nacional contra retirada de 70 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho

Trabalhadores dos Correios deflagram greve nacional contra retirada de 70 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho
Gazeta Trabalhista

Em assembleias realizadas agora pouco nos estados, os trabalhadores dos Correios deliberaram  pela greve nacional da categoria a partir desta terça (18). A categoria é composta por cerca de 100 mil trabalhadores e  tiveram o acordo coletivo de trabalho  expirado em julho sem nenhum aceno de negociação por parte da direção da estatal que tem na presidência o general Floriano Peixoto. A paralisação é por tempo indeterminado. De acordo com as duas federações que representam a categoria em nível nacional, os funcionários dos Correios vão parar as atividades contra a retirada de direitos, contra a privatização da empresa e negligência com a saúde dos trabalhadores em relação à Covid-19.

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), os sindicatos tentam, desde o início de julho, dialogar com a direção dos Correios em torno da pauta de negociação. No entanto, além da empresa se negar a negociar, a categoria foi surpreendida desde o dia 1º de agosto com a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021. Foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, em uma atitude desumana impedindo tratamentos diferenciados e que garantem melhor qualidade de vida, pagamento de adicional noturno e horas extras.

Os trabalhadores também lutam contra a privatização dos Correios, o aumento descabido da participação dos trabalhadores no Plano de Saúde, gerando grande evasão, e o descaso e negligência com a saúde e vida dos ecetistas na pandemia da Covid-19. Em uma verdadeira batalha judicial, a FENTECT e seus sindicatos tiveram que acionar a Justiça para garantir equipamentos de segurança, álcool em gel, testagem e afastamento dos grupos de risco e aqueles que coabitam com grupos de risco ou possuem crianças em idade escolar.

De acordo com o secretário geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva, a retirada de direitos e a precarização da empresa é uma das estratégias do Governo Bolsonaro e da direção dos Correios para a privatização, entregando os Correios para o capital estrangeiro. “O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de norte a sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”, declarou.

O secretário geral diz ainda que essa greve representa uma verdadeira batalha pela vida dos trabalhadores. “A direção da ECT buscou essa greve, retirou direitos em plena pandemia e empurrou milhares de trabalhadores a uma greve na pior crise que o país vive. Perdemos muitos companheiros para a Covid-19 em função do descaso e negligência da empresa. É o Governo Federal e a direção da ECT mantendo privilégios com ampliação de cargos e altos salários, ampliando lucro em detrimento da vida dos trabalhadores. Lutamos pelo justo. Lutamos para que as nossas vidas e empregos sejam preservados”, afirmou.

Já para a Findect (Federação Interestadual), a direção dos Correios “está atropelando a legislação. Impondo retrocessos sem negociação e sem que o julgamento no STF tenha terminado! Está se aproveitando da crise do coronavírus para roubar a categoria. Tudo em nome de um roubo maior, que é destruir e liquidar a ECT para entregar o setor postal para as multinacionais que querem dominar a rede logística nacional – Amazon, Uber, Fedex, UPS, entre outras.E manter os Correios só naquilo que nenhuma empresa privada fará, mas com poucos trabalhadores escravizados para ter um custo bem baixinho. É GREVE por tempo indeterminado. E com 100% da categoria parada. Somos essenciais, mas também queremos a manutenção dos direitos e benefícios e o cumprimento da sentença normativa do TST que validou nosso Dissídio coletivo por 24 meses.”

Confira os principais direitos retirados da categoria:

– Plano de saúde

– Vale cultura

– Anuênios

– Adicional de atividade de distribuição e coleta (AADC)

– Adicional de atividade de tratamento (AAT)

-Adicional de atividade de guichê (AAG)

– Alterar a data do dia do pagamento

– Auxílio de dependentes com deficiência

– Pagamento de 70% a mais da hora normal quando há hora extra trabalhada

– Reembolso creche

– Pagamento de 70% das férias

– Aumento no compartilhamento do ticket

– Licença maternidade de 180 dias

– Fim da entrega matutina

– Garantia de pagamento durante afastamento pelo INSS

– Ticket nas férias

– Ticket nos afastamento por licença médica

– Vale alimentação

– Para motoristas é o fim da cláusula sobre acidente de trânsito

– Indenização por morte

– Garantias do empregado estudante

– Licença adoção

– Acesso as dependências pelo sindicato

– Atestado de acompanhamento

– Fornecimento de Cat/ Lisa

– Itens de proteção na baixa umidade

– Reabilitação profissional

– Adicional noturno

– Repouso no domingo

– Jornada de 40hs

– Pagamento de 15% aos sábados

(Fontes: FENTECT/FINDECT e SINTECT-DF – Foto: assembleia em Brasília)