Juvenal Moreira Ago 24, 2019 1725 0
O Brasil é uma nação que em vários momentos de sua história mostra que o quesito de democracia é relativo. A maneira que são tratados assuntos de relevância é absurdamente não priorizada pelo poder Legislativo e por conseqüência, pela sociedade. Possuímos um Código Penal que não acompanhou a evolução até os nossos dias, e em várias searas ainda não sabemos – leia-se a população – como a descriminalização para a chancela de uso de um entorpecente para uma minoria.
Não respeitamos as reivindicações de muitos, não respeitamos direitos e deveres e nem estamos preparados ainda para tal evolução. Para ser chancelada a união homoafetiva foram necessárias várias intervenções e manifestações. Isso se tratando de uma preferência sexual, que caminha com qualquer direito individual, mas no caso da maconha o direito não é constitucional e nem chega perto disso. O fato é que uma parcela da população quer sair do rótulo de usuário e de criminoso. E as tais “marchas da maconha” são promovidas não por pessoas que queriam modificar um cenário e entrar em um debate democrático. Pois a melhor maneira de consultar uma população é se fazendo plebiscitos, debates, audiências publicas e não passeatas organizadas não pela população, mas sim pelos próprios “beneficiários”.
O avanço da utilização da maconha para fins medicinais é uma realidade, mas esse avanço tecnológico na nossa opinião não deveria ser um contraste na gama de argumentos que os que querem a descriminalização. Pois doença não rima com curtição, inconseqüência e tão pouco falta de ética. Não possuímos um sistema de saúde pública capaz de se preparar para uma gama de problemáticas que este passo traria. Em países cosmopolitas como a Holanda – citação recorrente dos defensores – houve um processo de sistematização de ações públicas que culminaram com a convivência da droga no cotidiano dos cidadãos.
Lá bares e restaurantes oferecem em seus cardápios iguarias feitas com a folha ou as sementes da Cannabis, mas o seu consumo não é tratado como uma afronta a sociedade – como na nossa opinião poderá se constituir um modo de provocação de um consumidor aqui no Brasil, mostrando um cigarro dizendo que agora ele livremente pode “fumar unzinho”. Isso somado a nossa sociedade, cheia de pré-conceitos porque em vários momentos nem sabemos ao certo se é aquilo que queremos, e são essas pessoas, que não possuem um juízo de valores sobre as temáticas, que são os alvos fáceis desta estrutura. Pois é muito mais simples convencer, do que perguntar, indagar, refletir ou simplesmente raciocinar.
Uma das nossas mazelas é a educação. O assunto das drogas não tem uma abordagem padrão, não se orienta o estudante a perguntar, por exemplo, o que a liberação do uso de algo seria bom para mim. Não possuímos enquanto sociedade o costume do “bem indagar”, fomos e somos domesticados com ações que visam o controle e a lobotomização. Amamos o “Pão e Circo” de quatro em quatro anos, que é a Copa do Mundo. Idolatramos o que vem de fora, dentre outras coisas…
O problema não é ser “careta” e nem gostar de curtir o “vapor barato”, acho que a amplitude deste tema não deveria ser restrita a marchas pelo Brasil e nem discurso em causa própria – porque é isso que soa – mas sim, uma reflexão acerca dos rumos que estamos percorrendo. Que educação queremos (nós nem temos um projeto que contemple o esporte nas escolas, então para que este anseio todo em sediar eventos como a Copa e as Olimpíadas?), que modelo de sociedade iremos querer no futuro, esta que está aí? Ou uma que oriente os seus integrantes a fazer parte de um projeto em comum. Se conseguirmos isso, um cigarrinho será um detalhe e não bandeira.
*Artigo feito com a colaboração de Jaqueline Vaz
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