GUERRA COMERCIAL Disputa pela Eldorado Celulose tem novo round

GUERRA COMERCIAL   Disputa pela Eldorado Celulose tem novo round
Revista Consultor Jurídico, 23 de abril de 2020, 21h34

Em mais um capítulo da disputa entre a J&F e o grupo sino-indonésio Paper Excellence pela Eldorado Papel e Celulose, o empresário Mário Celso Lopes, associado da Paper, anunciou um novo pedido para favorecer a empresa asiática.

A tática é escapar do foro arbitral instalado em São Paulo para buscar uma solução favorável ao grupo estrangeiro no Mato Grosso do Sul.

O relator da matéria no TJ-MS, desembargador Nélio Stábile, já decidiu antes, nesse sentido. Ele declarou a incompetência do foro arbitral para estabelecer que uma empresa que vendeu suas ações — e recebeu por elas — pode, sete anos depois, pedi-las de volta. O prazo legal de prescrição é de dois anos. A cláusula arbitral, prevista nos respectivos contratos sociais das empresas, que têm sede em São Paulo, para o desembargador, são fatores irrelevantes no caso.

O objetivo da iniciativa, segundo advogados da causa, é travar a Assembleia Geral Ordinária marcada para o próximo dia 30. O argumento é que a MCL teria seus direitos feridos se a assembleia ocorrer. A suspensão da assembleia interessa, diretamente, à Paper Excellence, não à MCL.

Mário Celso Lopes, dono da MCL, preso em 2017 sob acusação de gestão fraudulenta de fundos de pensão, conseguiu do mesmo desembargador, em dezembro do ano passado, decisão a seu favor. Posteriormente, a decisão foi anulada pela Justiça de São Paulo — foro legal de disputa estabelecido pelas duas empresas em litígio.

Outro lado
A Paper Excellence informou que as desavenças societárias de Mário Celso Lopes com os acionistas da J&F não têm nenhuma relação com a proposta de compra da Eldorado. "Antigas divergências dos acionistas da J&F com ex-sócios não nos dizem respeito."

"A Paper Excellence, ao negociar a compra das ações da Eldorado Celulose, agiu de boa fé, cumprindo o que havia sido acordado. A companhia é guiada por um rígido programa de compliance no qual baseia suas operações e sua conduta em todo mundo", complementou.

*Reportagem atualizada às 18h20 de 24/4 e às 10h57 de 27/4 para acréscimo de informações.