Opinião. A plataformização na educação do Paraná
Em 2020, com a pandemia do Covid-19, iniciamos um novo modo de fazer educação no Paraná. As aulas online trouxeram-nos novos desafios diante das Tecnologias da Informação (Tis). Professores e alunos tiveram que aprender a usá-las do dia para a noite e se adequar a essa nova realidade durante o ano letivo nas aulas, via Classroom, depois via Google Meet.
A Seed, por sua vez, não contente com esse novo modelo, lançou e implementou uma série de outras plataformas educacionais para serem usadas mesmo no pós-pandemia: Redação Paraná, Plataforma de Inglês, Educatron,.... Se elas fossem apenas recursos auxiliares para os professores, ainda teriam algum mérito mas, vieram de forma impositiva e punitiva para aqueles que não cumprirem as metas estabelecidas.
Muitos são os problemas estruturais para o uso das mesmas nas escolas, como a falta de equipamentos adequados, rede de internet, profissionais de apoio, formação prévia e específica para professores, direção, equipe pedagógica e, sobretudo, para os alunos. Pensemos nas crianças dos sextos anos digitando um texto, debatendo-se em usar sinais de pontuação ou outros elementos gráficos a que não estejam habituadas. Mensagens de WhatsApp com emojis para eles é algo tranquilo, mas ao se verem diante de um teclado, comandos, acessos a links, etc., já se abre um grande abismo.
Ninguém é contra a tecnologia e o uso delas nas escolas, porém é preciso saber como e quando usá-las e ter o professor como o principal articulador deste processo e não um mero reprodutor de tais instrumentos. Mas, hoje essa é a política educacional da Seed.
Uma plataforma em especial tem chamado a atenção e também o trabalho feito em cima dela: a Redação Paraná. Há resolução que traz a obrigatoriedade da produção de três redações por trimestre pelos alunos em tal plataforma, além de concursos onde a premiação é um telefone celular. Os ditos embaixadores da Redação Paraná têm visitado as escolas e divulgado para os alunos essa premiação, tal qual mascates, vendedores ambulantes. Criando um clima de competitividade e estresse desnecessário entre alunos e professores.
Além disso, a plataforma apresenta constantes problemas de instabilidade, não consegue verificar plágio externo, tampouco interno, entre outros problemas. Para alunos do último ano do Ensino Médio pouco ou nenhuma utilidade essa plataforma apresenta, já que muitos irão fazer ENEM ou vestibulares e todos esses processos trazem redações manuscritas.
Escrever manualmente é um ato que requer coordenação motora fina, dimensão espacial, equilíbrio, estabilidade, leveza e disciplina.
Não estamos falando em “letras bonitas” mas, letras legíveis com textos coerentes, coesos e que tenham passado por um processo prévio de reflexão do educando e que, depois, terá uma correção nos mesmos moldes pelo professor. Algo que não se faz possível através de uma plataforma.
Mais uma sobrecarga de trabalho para os professores: talvez essa seja apenas uma das facetas da dita plataformização. Mas, o receio se torna maior pois, o pior sempre está por vir, em se dependendo da Seed.
Edição: Pedro Carrano
Comentários (0)
Comentários Facebook