Omertà: Após 37 horas, MPMS sai vitorioso do júri mais longo do Estado
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) saiu vitorioso do júri mais longo já realizado no Estado. Depois de 37 horas, o Conselho de Sentença acatou as teses apresentadas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e condenou os quatro réus pela execução de Marcel Hernandez Colombo, o “Playboy da Mansão”, aos 31 anos.
O homicídio tratado no julgamento ocorreu em 18 de outubro de 2018 e figurou entre os crimes investigados pela Operação Omertà, ofensiva do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) para desarticular milícia armada ligada ao jogo do bicho, chefiada por família influente em Campo Grande durante décadas.
Alicerçada em processo com mais de 10 mil páginas, a atuação de quatro Promotores de Justiça convenceu os jurados de que os acusados planejaram a execução da vítima, como forma de vingança por um desentendimento com o mandante, acontecido anos antes.
O episódio em uma boate na Avenida Afonso Pena teve motivo banal: uma discussão por causa de um pedaço de gelo. Foram condenados por homicídio qualificado um ex-guarda civil metropolitano, um policial federal e o homem para o qual os dois prestavam serviços ilegais- já condenado por chefiar organização criminosa, por extorsão, obstrução de justiça e ainda homicídio.
Também foi sentenciado um ex-guarda civil metropolitano, por ocultar a arma usada no crime de pistolagem. As penas, juntas, passam dos 40 anos. Confira abaixo:
Mandante: 15 anos por encomendar a morte;
Ex-guarda civil: 15 anos por contratar os pistoleiros;
Policial federal: 8 anos por usar de sua função para fornecer informações da vítima;
Ex-guarda civil: 2 anos e meio por sumir com a arma usada no homicídio.
Força-tarefa
Trabalharam no julgamento os Promotores de Justiça Douglas Oldegardo dos Santos e Luciana Amaral, atuantes junto ao Tribunal do Júri, além de Moisés Casarotto e Gerson Eduardo Araújo, integrantes do Gaeco.
Em conjunto, os Promotores de Justiça falaram por seis horas ao júri sobre todos os aspectos da investigação, além de contrapor os argumentos defensivos de seis advogados.
Reunido após ouvir todos os argumentos acusatórios e defensivos, os sete jurados-seis homens e uma mulher-responderam aos quesitos, levando à condenação dos réus.
Entenda o caso
Marcel Hernandez Colombo foi morto na noite de 17 para 18 de outubro de 2018, quando estava sentado à mesa de uma cachaçaria no cruzamento da Avenida Fernando Corrêa da Costa com a Rua José Antônio Pereira, no Centro de Campo Grande.
Foi atingido por pelo menos cinco disparos de arma de fogo, feitos por um pistoleiro usando capacete. Um amigo da vítima também ficou ferido no joelho.
Com a deflagração da Operação Omertà, foram angariadas provas que mostraram a conexão entre o assassinato e investigados por usar armamento pesado para eliminar desafetos, seja no âmbito pessoal, seja nos negócios ilegais, com destaque para o jogo do bicho, comandado durante décadas pela família que chefiava a organização criminosa.
Havia mais três acusados do homicídio, o patriarca da família que comandava os ilîcitos e os dois pistoleiros. O líder morreu na cadeia, aos 82 anos, um dos pistoleiros foi morto em confronto com policiais e o outro desapareceu.
Em julho de 2023, no primeiro júri da Omertà, dois réus do julgamento realizado agora foram sentenciados a 23 anos de reclusão, um ex-guarda civil metropolitano e o chefe da organização criminosa.
Os dois acumulam, então, 38 anos cada de reprimenda por execuções.
Texto: Marta Ferreira
Fotos: Assecom MPMS
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