Apesar da piora no transporte coletivo, Campo Grande terá 4ª tarifa mais cara entre as capitais

Apesar da piora no transporte coletivo, Campo Grande terá 4ª tarifa mais cara entre as capitais
Campo-grandense vai pagar o 4º valor mais caro do País pela tarifa do transporte coletivo (Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado)

Apesar da piora no transporte coletivo urbano e do lucro obtido pelo Consórcio Guaicurus, a prefeita Adriane Lopes (Patri) autorizou o aumento de 5,68% na tarifa do transporte coletivo, que passa de R$ 4,40 para R$ 4,65 a partir de 1º de março. O valor será o 4º maior entre as capitais e vai ser mais caro do que o valor cobrado pelo ônibus urbano em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A superlotação e a falta de conforto se transformaram em problema crônico no transporte coletivo campo-grandense, que se agrava a cada nova gestão. Levantamento da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) mostra redução de 65% no número de ônibus articulados, de 38 para 14 veículos. Cada um tem capacidade para transportar 140 passageiros.

Houve aumento de 625% no número de micro-ônibus convencional, de 4 para 29 entre 2015 e 2021. Também diminuiu em 70% o número de micro-ônibus com ar-condicionado, de 23 para apenas sete.

O descumprimento das exigências do contrato pelo Consórcio Guaicurus foi constatado pelo Tribunal de Contas do Estado e até por perícia realizada a pedido da 1ª Vara de Fazenda Pública de Campo Grande. Houve até lucro de R$ 68 milhões das empresas de ônibus, sem qualquer retorno para os usuários.

Só que a tarifa vai ter novo reajuste, mesmo com o subsídio de quase R$ 30 milhões do poder público. A prefeitura vai pagar pela gratuidade do passe do estudante e ainda isentar o poderoso grupo do pagamento de tributos.

Adriane Lopes não demonstrou a mesma preocupação de outros prefeitos, como Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, e Milton Nunes (MDB), de São Paulo, que estão preocupados em reduzir o valor da tarifa do transporte coletivo.

A tarifa de R$ 4,65, a ser cobrada em Campo Grande a partir de março, será a 4ª mais cara do País, só atrás dos valores cobrados em Cuiabá (MT), R$ 4,95, Salvador (BA), R$ 4,90, e Porto Alegre (RS), R$ 4,80, segundo o G1.

Os campo-grandenses vão pagar 38% mais caro do que os alagoanos pagam para usar o transporte coletivo em Maceió, que cobra R$ 3,35. A capital de Alagoas conta com 960 mil habitantes, quase o mesmo número registrado em Campo Grande, com 942 mil.

Cidade mais populosa do País, São Paulo definiu a tarifa em R$ 4,40. Os paulistas sempre pagaram mais pelo transporte coletivo em relação a Capital sul-mato-grossense. No entanto, a diferença agora é que o prefeito paulista está preocupado com o valor, enquanto a prefeita da Capital não demonstrou a mesma sensibilidade.

Adriane atrasou o anúncio do reajuste em quase dois meses. Nos últimos anos, a tarifa do transporte coletivo teve reajuste no final de dezembro e início de janeiro. A atual prefeita conseguiu atrasar em dois meses e o custo deverá ser incluído no cálculo do próximo reajuste, porque as empresas podem solicitar reequilíbrio financeiro.

A Câmara Municipal segue surda e muda aos problemas enfrentados diariamente pelos passageiros do transporte coletivo. A última tentativa de se criar uma CPI reuniu assinaturas suficientes, mas o presidente da Câmara, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), sepultou a investigação em uma única canetada.

Parte expressivo dos ônibus são velhos, acima da idade permitida no contrato, e sem perspectiva de serem substituídos. Abandonada pelos políticos, a população tem procurado outros meios de locomoção, como o transporte por meio de aplicativo, motociclistas e bicicletas elétricas. O número de passageiros transportados caiu de 218 mil, há uma década, para 111 mil por dia no ano passado.

Prefeita da Capital autorizou reajuste com dois meses de atraso

informação : ojacare.com.br