Blocos da Capital se reinventam e escolas de samba buscam alternativas para manter festa popular viva

Blocos da Capital se reinventam e escolas de samba buscam alternativas para manter festa popular viva
Bloco Capivara Blasé, que já atraiu 50 mil pessoas às ruas de Campo Grande, decidiu realizar uma campanha de conscientização e uma websérie - Vaca Azul
Blocos da Capital se reinventam e escolas de samba buscam alternativas para manter festa popular viva

A maior festa popular do Brasil não vai ocorrer em 2021, ao menos não no estilo tradicional. Escolas de samba e bloquinhos campo-grandenses encontraram alternativas para manter o espírito carnavalesco em meio à pandemia do coronavírus (Covid-19), mas sem desrespeitar às medidas de biossegurança, que incluem o distanciamento social.

De acordo com a atriz e uma das organizadoras do Capivara Blasé, Angela Montealvão, o bloco não sairá na rua neste ano. “Nós estamos com uma ação nas redes sociais, o Manifesto Capivara, e nós estaremos movimentando a rede, relembrando os carnavais passados, buscando a interação com o nosso público de forma virtual, mas sobretudo conscientizando a galera, o bando, para não sair de casa, para ficar em casa no Carnaval, para esperar esse momento passar”, explica Angela. Para ela, também é um sinal de respeito a todas as famílias que perderam alguém durante a pandemia do coronavírus. “Este ano, a gente não tem a festança, a gente fica só com as lembranças e com as campanhas de conscientização”, frisa.

Para relembrar a trajetória do bloco criado em 2014 e que chegou a reunir 50 mil pessoas na Esplanada Ferroviária, o Capivara Blasé lança uma websérie intitulada “Capivara Blasé: a Rua é do Povo”. “Vamos lançar nos dias que seriam os dias tradicionais do bloco, que são 14 e 15 de fevereiro, são dois capítulos e trarão um recortezinho da trajetória do bloco”, frisa.

 

Cordão Valu

Outro agitador do Carnaval sul-mato-grossense, o Cordão Valu decidiu realizar uma intervenção surpresa na cidade. No sábado (13) e na terça-feira (16), o trio elétrico do Cordão Valu passará pelas ruas de Campo Grande com a banda do bloco para quem der a sorte de cruzar com o grupo. O horário e o trajeto não serão divulgados, mas o evento será transmitido ao vivo pelas redes sociais da organização.

“É uma espécie de carreata, só passa e não para. Em cima vamos ter a banda do Cordão, com as marchinhas, e atrás, no sábado, vamos fazer o Corso Carnavalesco, um desfile com os fundadores do grupo e seus carros fantasiados. Eles também só vão saber o trajeto e o horário no dia, para evitar de vazar”, explicou Silvana Valu, fundadora e organizadora do cordão.

Apesar da tristeza de não poder colocar o cordão na rua, a organizadora acredita que ainda possa ocorrer celebração dos 15 anos do movimento no fim do ano. “Olha, por um lado, a gente fica triste por ser Carnaval e não poder ir para a rua, a gente sempre espera chegar a data na maior alegria. Mas, por outro lado, nós também não estamos no melhor espírito para fazer o Carnaval de todo ano, pelo menos não enquanto não houver vacina e estivermos seguros. Este ano seria emblemático, 15 anos de rua, mas para o ano que vem estamos com grandes expectativas para que essa vacina saia. Também vamos fazer o aniversário em dezembro, mas tudo depende da vacina”, avalia Silvana.

Além da programação dos blocos, o Carnaval terá lives pelo canal do YouTube da Sectur, nos dias 11 e 16 de fevereiro. “Artistas regionais se apresentaram todos os dias com muito samba, pagode e axé. Estamos em constante conversa com a Liga das Escolas de Samba para tentar realizar o Carnaval em julho, mas tudo isso depende da vacinação da população. Nesta quinta-feira teremos uma reunião com a diretoria do Cordão do Valu para definirmos uma possível parceria, em sistema de Live também”, explica Max Freitas, diretor-presidente da Sectur.  

 

 

Bloco Capivara Blasé, que já atraiu 50 mil pessoas às ruas de Campo Grande, decidiu realizar uma campanha de conscientização e uma websérie - Vaca Azul

 

Desfiles  

Na outra ponta do Carnaval campo-grandense estão as escolas de samba, que se preparam o ano inteiro para dois dias de desfile. Com a pandemia, que se arrasta desde 2020, os eventos que antecedem a folia e são essenciais para a realização dos desfiles precisaram ser cancelados, assim como os repasses dos órgãos públicos às agremiações. “Nós ainda estamos em reunião justamente com a prefeitura e com o governo do Estado, para que a gente possa fazer algum formato carnavalesco, mas nós já decidimos que agora em fevereiro, na semana que vem, nós não vamos realizar os nossos desfiles. Então desfile no Carnaval, em fevereiro, está cancelado, não vamos realizar nada”, frisa Alan Catharinelly, presidente da Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca).

Segundo Alan, cada dia na pandemia tem sido único e até mesmo a decisão de realizar o Carnaval em julho foi cancelada. “Por enquanto, por conta da pandemia, não temos nada definitivo”, frisa.

Ainda de acordo com o presidente, as escolas estão enfrentando diversos problemas financeiros por conta da falta de recursos. “Praticamente, as escolas estão paradas, porque elas dependem de recursos, precisam das pessoas para contribuir no barracão. As escolas não estão trabalhando como deveriam trabalhar, executando as atividades como deveriam. Estão tomando as medidas protetivas, não está tendo ensaio. Tem escola que está fazendo aula de percussão, de mestre-sala e porta-bandeira, mas, a princípio, as escolas estão dependendo de uma definição, com as nossas conversas de prefeitura e Estado, para tomar uma decisão concreta”, explica.

Para este ano, não ocorrerá desfile tradicional. “Para este ano nós não vamos realizar nosso desfile tradicional, como a gente gostaria, como a gente sempre realizou. Para este ano está fora de cogitação, isso já foi batido o martelo. Agora, o que nós poderemos fazer? É isso que nós estamos tratando entre as escolas, prefeitura e Estado para ver algumas alternativas. Infelizmente, as escolas estão passando dificuldades financeiras, assim como a Liga também, porque tiveram de fechar suas portas para não ter ensaio e não puderam realizar seus grandes eventos. Algumas alternativas as escolas tomaram, como fazer feijoada delivery, mas são coisas pequenas que não suprem as necessidades financeiras da escola”, afirma Alan. (Colaborou Gabrielle Tavares)

 

Correio do Estado